segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Script das primeiras cenas de Patricya Travassos (IRMA) e Cassio Scapin (CÉSAR)

CENA 14. MANSÃO. int. dia
CONT. IMEDIATA DA CENA 12. OS MESMOS NAS MESMAS POSIÇÕES. ARI ESTÁ AFASTADO DE SAMIRA E DANILO, QUE ENSAIAM COREOGRAFIA, NA ESCADA, OBSERVADOS POR TONI.
ARI FALA BAIXO, PARA NÃO SER OUVIDO.
ARISTÓTELES — Irma, é você mesma?!
OBS.CENA CONTINUA ABAIXO.
INTERCALAR DIÁLOGOS COM
CENA 15. QUARTO DE hotel de irma. int. dia
CONT. IMEDIATA DA CENA 13.
IRMA — Sou eu mesma, Aristóteles. Irma... E então? O que você está fazendo aí na mansão?
ARISTÓTELES CAI EM SI.
ARISTÓTELES — Irma! Que bom ouvir sua voz.
IRMA — Escuta. Tenho que falar rápido. Tô em perigo.
ARISTÓTELES — Tá em perigo?
IRMA — Sim, mas diz: como estão minhas filhas? Cleo e Regina... Tô morrendo de saudades.
ARISTÓTELES — Elas foram pra ilha.
IRMA — Ai ai ai... Falei tanto pras meninas não fazerem isso. Cleo ainda tem o dom de sobreviver, mas a Regininha, ai, que situação, ser mãe é ter preocupação pro resto da vida!
ARISTÓTELES — Irma... Onde é que você tá?
IRMA — Seqüestrada, Ari, fui seqüestrada!
IRMA BEBE GOLE DE CHAMPAGNE. PISCA PARA HOMEM, QUE SÓ VEMOS DE COSTAS AINDA, NO CONTRALUZ.
ARISTÓTELES — Irma, querida, meu amor... Levei um susto tão grande ao ouvi-la que saí do meu transe hipnótico.
IRMA — Transe hipnótico? Não entendi. Dá pra você me explicar melhor?
ARISTÓTELES FALA BAIXO PARA NÃO SER OUVIDO POR SAMIRA.
ARISTÓTELES — Eu estava hipnotizado, Irma. Eu e meus filhos Danilo e Toni fomos hipnotizados por uma mutante maligna, e estamos fazendo o papel de empregados da mansão. Só para você ter uma idéia, estou trabalhando como copeiro.
IRMA DÁ UMA RISADINHA.
IRMA — Acho que copeiro é um ótimo trabalho pra você, Aristóteles. Mas chega de conversa. Estou precisando da ajuda da Maria. Estou de volta ao Brasil. Voltei como refém do músico da Bielorrússia. Lembra?
ARISTÓTELES — Claro que lembro. O músico pra quem você vendeu o violino Stradivarius do Sócrates. Sua louca!
IRMA — O violino era falso, Aristóteles. Agora o músico, que faz parte de uma gangue muito perigosa, me seqüestrou e está pedindo um resgate. Por isso liguei pra pedir ajuda a Maria. Ela é tão boazinha, não é? Não vai abandonar sua pobre tia nas mãos de um bandido. Estou desesperada. Não agüento mais esse homem me apontando um revólver e me ameaçando de morte.
ARISTÓTELES — Como é que você foi se meter numa confusão dessas, Irma?
A PARTIR DA PRÓXIMA FALA, CAM. SAI DO SUPER CLOSE DA IRMA E MOSTRA O CENÁRIO DELA. É UM QUARTO DE HOTEL, MUITO ELEGANTE, BELAS CORTINAS, TAPETES. IRMA ESTÁ MUITO BEM VESTIDA, TOMANDO UMA TAÇA DE CHAMPANHE. HÁ UM HOMEM COM ELA NO QUARTO. POR ENQUANTO NÃO VEMOS SEU ROSTO. MAS DÁ PARA PERCEBER QUE É UM HOMEM BEM VESTIDO, QUE TAMBÉM BEBE CHAMPANHE.
IRMA — Você sabe como sou estabanada, não é mesmo? Agora estou aqui, num barraco fétido, com um homem horroroso me ameaçando de morte, querendo um resgate de um milhão de reais. Isso não é nada para a minha sobrinha Maria Mayer. Mas pra mim esse um milhão de reais é o preço da minha vida, Aristóteles. Da minha vida!
ARISTÓTELES — (PREOCUPADO) Caramba, Irma. O seqüestrador tá te maltratando?
IRMA — Muito, Ari. Ele já me bateu demais. O sujeito adora me maltratar, é um sádico. A Maria precisa me ajudar a sair dessa. Fale com ela. Diga que é a Irma, viúva de Platão, o tio dela, mãe das primas dela. Faça alguma coisa Ari.
IRMA FINGE CHORAR AO TELEFONE. DEPOIS TAPA O BOCAL, OLHA PARA O HOMEM QUE AINDA NÃO VEMOS, PISCA O OLHO, DÁ UM RISINHO E TOMA MAIS UM GOLE DE CHAMPANHE.
ARISTÓTELES — O problema, Irma, é que quem está aqui na mansão, se fazendo passar pela Maria, é sua irmã gêmea, Samira. Uma garota muito má e arrogante, totalmente diferente da bondosa Maria que tanto ouvimos falar.
IRMA — Irmã gêmea? Como assim? O Sócrates só teve uma filha. Que história é essa de irmã gêmea?
NO SUSTO DE IRMA,
CORTA PARA

CENA 20. QUARTO DE HOTEL DE IRMA. int. dia
IRMA FALANDO NO TELEFONE COM ARI. ALGUÉM ESTÁ AO FUNDO. MAS NÃO VEMOS AINDA SEU ROSTO. DÁ PARA PERCEBER QUE É UM HOMEM ELEGANTE PELO TERNO BEM CORTADO, PELO RELÓGIO, PELA PULSEIRA, POR UMA ALIANÇA DE NOIVADO E PELA FORMA COM QUE ELE PEGA A TAÇA DE CHAMPANHE.
IRMA — Estou chocada com essa história de irmã gêmea. Se pelo menos ela também fosse boazinha como a Maria.
OBS.CENA CONTINUA ABAIXO.
INTERCALAR DIÁLOGOS COM
CENA 21. MANSÃO. int. dia
CONT. IMEDIATA DA CENA 14. ARI FALA AO TEL, À PARTE, SEM SER OUVIDO POR DANILO E SAMIRA, QUE ESTÃO ENSAIANDO COREOGRAFIAS, QUE TONI ACOMPANHA SORRIDENTE.
ARISTÓTELES — Mas não é. Ela é a maldade em pessoa.
IRMA — Como pode? Mesmo assim fale com ela. Diga que preciso de um milhão de reais, ou então o músico da Bielorrússia vai me matar.
ARISTÓTELES — Mas como você cai numa roubada dessas? Como você se envolve com um tipo ordinário e violento, um bandido?
SÓ ENTÃO VEMOS QUEM É O HOMEM QUE ESTÁ ALI COM IRMA. CAM. SE MOVIMENTA ATÉ MOSTRAR UM ELEGANTE CLOSE DO DOUTOR CÉSAR, QUE SORRI. SONOPLASTIA: SUBLINHA.
IRMA — Tenha pena de mim, Ari. Tô péssima, seqüestrada, amarrada, num barraco imundo, só me deixaram ligar pra pedir o dinheiro.
ARISTÓTELES — Um milhão de reais?
IRMA — Um milhão de reais. Agora vou ter que desligar, mas depois volto a fazer contato.
IRMA DESLIGA O TELEFONE. TOMA UM BELO GOLE DE CHAMPANHE E FALA COM CÉSAR.
IRMA — Por essa eu não esperava. Quem está na mansão não é a boazinha da Maria. É uma irmã gêmea! Uma tal de Samira, que eu nuca ouvi falar. Que história é essa? Será que é mais um golpe da Doutora Júlia?
CÉSAR — Samira! Quer dizer que a Júlia realizou o plano dela. Libertou a irmã gêmea da Maria, que vivia presa no laboratório, e colocou para ocupar o lugar como herdeira universal da Progênese e de todos os bens do doutor Sócrates Mayer! A Júlia sempre me surpreende com sua mente perversa.
IRMA — César! Quer dizer que você já sabia da existência dessa irmã gêmea?
CÉSAR — Claro que sabia, Irma, minha bela. Sempre soube. Esqueceu que fui o mais fiel colaborador daquela louca extraterrestre sem escrúpulos?
IRMA — E por que você nunca me contou? Por que você nunca me contou um babado desses?
CÉSAR — Sei lá! São muitos babados, Irma. E nunca pensei que Júlia fosse libertar a moça, porque ela sempre foi muito rebelde. Samira foi criada a vida inteira presa no laboratório. Não entendo como ela pode estar no lugar da irmã, sem ninguém desconfiar. A não ser que... Humm... Talvez...
IRMA — Talvez? O que você ia me dizer e parou, Cezinha? Agora quero saber de tudo. Não me esconda nada.
CÉSAR — Talvez a Samira esteja usando um implante no cérebro. Um chip. Como aquele que a Júlia queria implantar no meu cérebro.
IRMA — Você já me contou essa história dezenas de vezes, mas quando chega nessa parte do chip, eu sempre me perco.
CÉSAR — Presta atenção, Irma. Quando fui atacado pelo dinossauro fiquei muito machucado. A Júlia me resgatou e usou sua tecnologia reptiliana para cuidar de mim no laboratório. Curou as feridas que os dentes daquele animal pré-histórico fizeram no meu corpo. Quando estava quase bom, ouvi uma conversa dela com um extraterrestre, falando sobre um chip que ela ia implantar no meu cérebro. Bruxa miserável! Eu já tinha conhecimento da existência desses chips e sabia o que podia acontecer com quem tiver um troço daqueles implantado no cérebro.
IRMA — E o que acontece com quem tem um chip como esse no cérebro?
CÉSAR — Depende do chip. Existe o chip da obediência, que obriga a pessoa a se tornar servil, obedecer todas as ordens da Júlia.
IRMA — É fantástico! Ex-tra-or-di-ná-rio! Adoraria ter uns chips desses pra colocar em algumas pessoas!
CÉSAR — Mas o pior, Irma, não é o chip da obediência. É o chip reptiliano.
IRMA — Chip reptiliano? Cruzes! Que babado forte é esse?
CÉSAR — Babado fortíssimo, Irma! O chip reptiliano faz que a pessoa deixe de ser quem é. Faz que a pessoa pense que é uma extraterrestre, com o objetivo de destruir a humanidade!
IRMA — Que horror. Isto parece uma história de filme de terror, Cesinha!
CÉSAR — É esse chip reptiliano que a Júlia queria colocar em mim, depois que me salvou do dinossauro. Eu ia deixar de ser quem eu sou, entende? Minhas memórias, minha vida, minha humanidade... ela queria jogar quem eu sou fora, para usar meu corpinho, para me transformar num escravo extraterrestre. Isso seria para mim o mesmo que a morte. Por isso, resolvi fugir.
IRMA — Fez muito bem, Cesinha, porque você voltou para mim.
CÉSAR — É pena que não conseguimos vender o violino Stradivarius.
CÉSAR ACARICIA O VIOLINO.
IRMA — O violino é falso. Quem diria?
CÉSAR — Como pode? O Stradivarius do Sócrates... jamais imaginei que fosse falso.
IRMA — Ou o violino verdadeiro foi roubado e substituído... ou o Sócrates foi enganado... coitado...
CÉSAR — O problema é que temos que arrumar dinheiro rápido... muito rápido... Nossas últimas reservas estão acabando. Eu não posso mais trabalhar como advogado, porque fui acusado de ser cúmplice da Júlia, nos crimes da Progênese.
IRMA — E você sabe demais, né, Cesinha? Você sabe todos os podres da doutora monstra.
CÉSAR — É verdade. Se eu der as caras, o mais provável é que eu seja abduzido pelos reptilianos.
IRMA — Temos que arrumar dinheiro. Este golpe do meu falso seqüestro tem que funcionar.
CORTA PARA

0 comentários: