sábado, 11 de julho de 2009

Script: Renata quer virar autora


CENA DE ARQUIVO. VISTA AÉREA. RIO DE JANEIRO. EXT. NOITE

CENA 21. COLÉGIO. SECRETARIA. INT. NOITE

RENATA, DE FRENTE PARA O COMPUTADOR, COMEÇA A ESCREVER ROTEIRO, E CONTA PARA MARLI.

RENATA — Resolvi que vou escrever...

MARLI — Como assim?

RENATA — Ai, eu tenho uma imaginação muito fértil, sabe, filha? Eu fico aqui, fazendo o meu trabalho e imaginando...

MARLI — Imaginando o quê?

RENATA — Lindas cenas de amor.... aventuras inesquecíveis... sempre com fortes emoções... muitos mistérios... Tava lendo aqui uns conselhos pra jovens autores e me identifiquei tanto...

MARLI — Que conselhos são esses, mãe?

RENATA — (LÊ) Carta aos novos autores.
Parabéns a vocês, que querem se dedicar à bela e essencial tarefa de contar histórias.

CAM. FECHA EM RENATA.

ENTRADA PARA SONHOS.

FUNDE COM

CENA 22. ESCOLA DE TEATRO. INT. NOITE

RENATA E PEPE INTERPRETAM DUETO DE ESCRITORES, QUE DANÇAM SENSUALMENTE EM VOLTA DE MESA COM LAPTOP ILUMINADO, SOBRE O PALCO.

PEPE — O que deve fazer o novo autor para mostrar as suas histórias? Em primeiro lugar, deve ler muito, conhecer os grandes autores, os mais famosos romances e peças, o acervo da tradição, ao máximo.

RENATA — Todo artista deve procurar o máximo de informação e de conhecimento. Mas os escritores, os contadores de história precisam saber e decifrar os mistérios da sua língua, com amor.

PEPE — O escritor que não conhece a língua de seu povo, como conseguirá contar histórias que atinjam o coração dos outros?

RENATA — Tenho pena dos que não sabem escrever e querem ser escritores. Mas se você ama a sua língua e a arte de contar histórias...

PEPE — Se você sabe que não pode viver sem escrever; então mostre suas histórias, sempre que tiver a oportunidade, a quem estiver disposto a conhecê-las. Foi isso que eu fiz, durante toda a minha vida de escritor.

RENATA — Conte suas histórias aos amigos e pessoas queridas, antes de mostrá-las aos outros.Ouça o que eles têm a dizer sobre seu trabalho.

PEPE — Faça leituras públicas.

RENATA — Monte as suas peças.

PEPE — Publique seus livros. Participe de concursos e seleções.

RENATA — Não se magoe com as críticas nem se deslumbre com os elogios.

PEPE — Não se deixe paralisar pela autocrítica, mas também não se deixe levar pela ilusão da própria genialidade.

RENATA — Trabalhe sempre para melhorar seu texto, mas também não caia na armadilha de não colocar o ponto final.

PEPE — É preciso se desapegar da história, para que ela ganhe o mundo, dá-la como pronta, mesmo quando sabemos que podemos ainda melhorá-la.

FIM DO SONHO

FUNDE COM

CENA 23. COLÉGIO. SECRETARIA. INT. NOITE

CONT. IMEDIATA DA CENA 21. RENATA E MARLI NAS MESMAS POSIÇÕES.

RENATA — Os contadores de histórias existem em todas as culturas, em todos os povos. Desde tempos imemoriais, cumprimos uma função essencial para a sociedade. Existimos para trazer emoções, alegrias, sabedorias ancestrais, descobertas e partilha de experiências.

MARLI — (LÊ) Desejo de coração que seu trabalho seja tão vitorioso que chegue ao conhecimento do mundo. (T) Que lindo, mãe. Dou a maior força pra você ser escritora. Acho que tem tudo a ver.

RENATA — Obrigada, minha filha. Quem sabe? Com sorte e dedicação, eu ainda viro uma roteirista famosa!

CORTA PARA

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